Governo dá aval a aumento da gasolina, que deve sair até o fim do mês

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Objetivo é minimizar impacto no índice de inflação deste ano

RIO e BRASÍLIA – Durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que durou nove horas, a companhia foi autorizada pelo governo federal a promover um aumento nos preços da gasolina e do óleo diesel quando julgar o momento adequado. Segundo uma fonte próxima à estatal, pelo que “foi combinado” , o reajuste deverá ocorrer até o fim de novembro. Com isso, segundo outra fonte, o impacto do reajuste na inflação deste ano será bem pequeno. No ano passado, a orientação do governo foi a mesma. Para evitar impactos maiores no IPCA, a Petrobras anunciou no dia 30 de novembro de 2013 aumento de 4% no preço da gasolina e de 8% no diesel, nas refinarias.

Segundo as fontes, a alta deste ano deverá ficar entre 4% e 5%. Assim, dizem, a estatal vai conseguir recuperar parte das perdas acumuladas neste ano, com a defasagem dos preços, quando vendia a gasolina e o diesel em suas refinarias a preços inferiores aos que comprava do mercado externo. Na semana passada, devido à queda das cotações do petróleo no mercado externo, o preço da gasolina no Brasil estava 1% acima do cobrado no exterior, segundo cálculos do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE).

Graça: ‘Reajuste pratica-se’

Após nove horas de reunião, em Brasília, os conselheiros deixaram o escritório da Petrobras sem adiantar nenhum detalhe sobre o reajuste dos combustíveis.

Ao deixar a reunião, no início da noite, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse apenas que reajuste da gasolina “pratica-se”. Indagada sobre o possível aumento no preço dos combustíveis, respondeu:

— Reajuste de gasolina não se anuncia. Pratica-se.

Nesta terça-feira, a cotação do barril de petróleo, tipo Brent, fechou com queda de 2,4%, a US$ 82,7. Já o óleo diesel ainda estava com uma defasagem da ordem de 4,3%. De janeiro a agosto, a Petrobras acumula uma perda de cerca de R$ 2,4 bilhões, por conta de o gasto com a importação de derivado ser superior à receita obtida com a gasolina e o óleo diesel no mercado doméstico. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal tiveram queda de 0,2% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As ordinárias (ON, com direito a voto) encerraram estáveis.

Ficou acertado ainda que o Conselho de Administração volta a se reunir no próximo dia 14 para aprovar o resultado financeiro do terceiro trimestre deste ano, já que os resultados da companhia e não foram analisados na reunião de ontem. Na última sexta-feira, disse uma fonte, a PriceWaterHouse (PwC), consultora responsável por auditar o balanço da Petrobras, se recusou a aprovar o resultado, já que o presidente da Transpetro, Sergio Machado, teve seu nome mencionado durante depoimento do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa no âmbito da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF). Costa revelou ter recebido propina de Machado em uma licitação de navios. Pressionado pela PwC, o Conselho da Petrobras acabou afastando Machado, que entrou com pedido de licença por 31 dias na última segunda-feira.

Segundo uma fonte, a reunião de ontem ocorreu em um clima tranquilo e “o assunto Sergio Machado não foi mencionado”. A reunião levou nove horas porque foram feitas longas apresentações técnicas. Uma delas foi sobre a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Foram discutidas ainda a adoção de novas regras de governança interna na companhia para evitar novos casos de irregularidades, como as denúncias envolvendo o ex-diretor Costa, que está em prisão domiciliar após ter revelado à PF detalhes de desvios de recursos em várias obras da estatal.

A refinaria de Pernambuco ainda não recebeu autorização da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para entrar em operação, prevista para esta terça. A ANP informou que está analisando os documentos que foram entregues pela estatal.

Em meio às denúncias de irregularidades e superfaturamento em vários de seus projetos, a Petrobras decidiu realizar uma pesquisa junto a um grupo de acionistas pessoas físicas.

Segundo a empresa, a pesquisa tem o objetivo de saber quais são as opiniões a respeito de investimentos, os negócios e atividades. A pesquisa está sendo feita pela empresa Checon Pesquisa, contratada pela Petrobras. O grupo de acionistas pessoas físicas que participará da pesquisa será escolhido por sorteio.

(Fonte: O Globo, autoria: Ramona Ordoñez/Martha Beck, 4/11/2014)