Com dificuldade para atrair compradores para seus campos de petróleo, a Petrobras decidiu colocar à venda duas áreas que já estão produzindo: Golfinho, na bacia do Espírito Santo, e Baúna, na bacia de Santos, segundo apurou a Folha.
A estratégia anterior da estatal era oferecer apenas grandes áreas em fase de exploração, que ainda demandariam muitos investimentos e só começariam a produzir em 2020.
Esses novos campos estão em águas profundas, de pós-sal. A empresa continua se recusando a vender áreas de pré-sal que já estejam produzindo, como a do campo de Lula, a primeira grande descoberta.
Conforme a ANP (Agência Nacional de Petróleo), os campos de Baúna e Golfinho estão entre os 20 maiores do Brasil. Em setembro, Golfinho produziu 23 mil barris de petróleo por dia, enquanto Baúna chegou a 55 mil barris por dia.
Para comparar, Lula, o campo que mais produz no Brasil e que está no pré-sal, chega a 349 mil barris por dia. Procurada pela Folha, a estatal não quis comentar a negociação das áreas.
No início do processo de desinvestimentos, que tem por objetivo reduzir o elevado endividamento da companhia, a Petrobras tinha colocado seis blocos à venda: Pão de Açúcar, Sagitário, Lebre, Carcará e Júpiter (todos no pré-sal) e Tartaruga Verde (no pós-sal). A previsão era obter US$ 4 bilhões.
Apenas um desses blocos de pré-sal estaria perto de ser vendido. No pós-sal e mais perto de começar a produzir, Tartaruga Verde também continua atraindo pretendentes.
Fontes próximas da empresa negam falta de interesse pelas áreas já à venda e afirmam que é preciso oferecer mais para atrair investidores ao Brasil em tempos de preços baixos do petróleo –que ronda os US$ 40. Os campos podem ser vendidos em um só pacote ou separadamente.
Lentidão
O processo de desinvestimento da Petrobras caminha muito mais lentamente do que o mercado imaginava. A estatal planejava vender U$ 13,7 bilhões em ativos entre 2015 e 2016, mas pouco saiu do papel até agora.
A área técnica está extremamente cautelosa com medo das implicações da Operação Lava Jato, que investiga esquema de propina na Petrobras. Os funcionários da empresa só pensam em fortalecer as regras internas.
A indefinição sobre a venda de ativos complica a situação da empresa, que necessita fazer caixa com urgência. A desvalorização do real agravou o cenário, porque elevou a dívida.
A Petrobras estuda vender uma fatia da BR Distribuidora, termelétricas, parte da TAG (transportadora de gás), campos de petróleo no exterior, mas nada avançou.
Só um grande negócio saiu até agora. Em setembro, a Petrobras vendeu 49% da Gaspetro para os japoneses da Mitsui por R$ 1,9 bilhão.
(Fonte: Folha de S. Paulo, por Raquel Landim, de São Paulo, 01/12/2015)