Em audiência no Senado, a presidente da Petrobras culpou o então diretor internacional, alegando que ele tinha a obrigação de levar todas as cláusulas no negócio ao Conselho de Administração da estatal.
A presidente da Petrobras admitiu nesta terça-feira (15) em audiência no Senado que a compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos não foi um bom negócio para a empresa. Durante quase seis horas, Graça Foster respondeu a perguntas de senadores.
,p>Graça Foster nem esperou pelas perguntas dos senadores. Ao explicar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, ela admitiu que não foi um bom negócio e repetiu a mesma explicação dada pela presidente Dilma Rousseff: que a compra só foi aprovada porque o Conselho de Administração da Petrobras não foi informado de cláusulas importantes do contrato.
“Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio. Não pode ser um bom negócio. Não há como reconhecer na presente data que você tenha feito um bom negócio. Então não foi um bom negócio. Esse é um ponto. Isso é inquestionável do ponto de visa contábil. Quando você dá baixa no resultado é que nesse momento o projeto transformou-se em um projeto de baixa probabilidade de recuperação do resultado”, afirma a presidente da Petrobras Graça Foster.
Graça Foster disse, ainda, que Nestor Cerveró, que na época era diretor internacional da Petrobras, tinha a obrigação de informar todas as cláusulas do negócio.
“Essas cláusulas não foram levadas ao conhecimento do Conselho de Administração da Petrobras. Quem tem a obrigação de levá-las é, sim, o diretor da área internacional, Nestor Cerveró”, lembra Graça Foster.
Ela disse que a transferência dele para a BR Distribuidora foi uma espécie de punição.
“É inquestionável a posição de um diretor da Petrobras e a posição, dentro da estrutura da companhia, de um diretor de uma subsidiária. É, sim, uma diferença de ocupação. É, sim, uma diretoria muito mais restrita. Eu fui presidente da BR Distribuidora, acumulei a direção financeira da BR e ela é muito mais restrita”, diz.
A explicação não convenceu a oposição. “A senhora diz: ‘ele foi removido para uma posição modesta’. Modesta é a diretoria financeira da BR Distribuidora? Deveriam ser demitido os dois, assim que foi percebida a deslealdada na condução do processo, mas permaneceram. E permaneceram, presidente, certamente porque tem costas quentes, tem padrinhos políticos fortes, não há outra explicação possível”, defende o senador Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB. O outro diretor a que se refere o senador é Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava-Jato. Graça Foster não respondeu.
A presidente confirmou ainda que Pasadena custou US$ 1,250 bilhão e reconheceu uma perda de US$ 530 milhões com o negócio. Mas afirmou que a empresa belga Astra, que vendeu a refinaria para a estatal, não comprou Pasadena por US$ 42 milhões.
“No mínimo, a Astra pagou à Croun, em torno, estimado, porque estamos nessa fase de fechamento de avaliação de todos esses balanços, US$ 360 milhões”, afirma Graça Foster. Graça Foster apresentou números, relatórios e poucas vezes alterou a voz. Uma delas foi ao responder às declarações do senador Pedro Taques, que comparou a gestão da Petrobras a de um pequeno negócio, como uma quitanda.
“Nós não estamos tratando de uma quitanda. Nós estamos tratando da maior empresa do Brasil, que a senhora dirige com muita competência, quero reconhecer isso. Como uma empresa desse porte comete erros desta ordem?”, questiona o senador Pedro Taques, do PDT de Mato Grosso.
“A Petrobras não é uma quitanda. Ela não é uma quitanda. Ela é uma empresa de petróleo absolutamente séria e distinta de muitas empresas de petróleo no mundo, pelo desafio que ela supera todos os dias”, responde a diretora Graça Foster.
(Fonte: Globo.com, 16./4/2014)