Comunidades: um novo modelo de moradia para idosos

Morar sozinho, com um cuidador ou na casa dos filhos? Por que a família acha que tem o direito de decidir sobre o que é melhor para os mais idosos da família? Poucas pessoas falam sobre esses questionamentos que não são nem um pouco menos importantes ou sutis, mas de tão comuns caem na banalidade e são vistos como ‘normais’. O fato é que a relação entre as gerações vai precisar mudar. Até porque a população brasileira está vivendo cada vez mais e seria um absurdo transformar essa longevidade em um tormento para todos.

O ideal é que as decisões sejam tomadas em conjunto para que se possa viver bem, sem dramas familiares e sem perdas desnecessárias de autonomia e liberdade. Uma alternativa que tem ganhada cada vez mais adeptos pelo mundo é a comunidade para idosos.

Fazer parte de uma comunidade é ter um bocado de gente buscando outras formas de viver, outros arranjos, outras configurações. Há os idosos que curtem a turma da ginástica no parque, das sagradas caminhadas pelo bairro, dos eventos beneficentes, das viagens só para maiores de 60. Eles buscam, no fundo, fazer parte de grupos presenciais com afinidades. É ter com quem conversar, com quem interagir, com quem contar, é ter a chance de trocar afeto, de compartilhar experiências, histórias, sentimentos, biscoitos, aflições.

Fora do Brasil, existem diversas cohousings para idosos, como também são conhecidas. São comunidades que se formam a partir do desejo de uma vida mais comunitária, em que o cuidado mútuo gera um grupo mais saudável, mais confiante, mais resiliente, mais feliz. Nelas, cada um tem espaço para sua privacidade, mas compartilha ambientes que promovem as trocas e a convivência, como cozinha com refeitório, biblioteca, sala de estar e de TV, lavanderia, horta, jardim.

No Brasil, já temos alguns empreendimentos imobiliários que estão sendo projetados para os idosos, com apartamentos pequenos e práticos com cômodos mais seguros contra quedas, portas mais largas, botão de emergência para portaria, entre outros diferenciais.
Na Paraíba, o governo do estado foi pioneiro ao lançar o primeiro conjunto residencial para idosos. Já tem em João Pessoa, Campina Grande, Cajazeiras e deve chegar a cidade de Guarabira. Cada conjunto tem 40 casas pequenas, com área externa que inclui praças, academia, centro de convivência, horta, redário e unidade de saúde.

Muitas construtoras já começam a ficar de olho nessa nova tendência. Mas não se trata de pensar apenas em infraestrutura, em ambientes adequados, em cidades mais acessíveis. É preciso adaptar os espaços para receber e acolher o idoso com conforto e segurança. É tornar as relações interpessoais para não tratar a velhice como doença, para não gerar preconceito, para simplesmente respeitar e, quem sabe, para ir além da tolerância e alcançar a gratidão.