Plano de demissão voluntária da Petrobras atrai mais de 12% do efetivo

Petrobras informou que mais de 12% do efetivo de funcionários da companhia aderiram ao plano de incentivo ao desligamento voluntário (PIDV) proposto pela empresa, segundo comunicado divulgado pela estatal nesta segunda-feira. Ao todo, 8.298 empregados acertaram sua demissão. A expectativa da Petrobras é que 55% deste efetivo deixem seus postos ainda em 2014. É o primeiro plano de demissão voluntária em quase 16 anos. Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), 8.379 empregados poderiam aderir ao plano.

A saída será feita de forma escalonada – em prazos entre dois e 36 meses – para “transferência de conhecimento e capacitação dos empregados mais experientes aos mais jovens”, segundo a empresa.

O plano deverá gerar economia de R$ 13 bilhões entre 2014 e 2018 em estimativa conservadora, disse a empresa no comunicado. A Petrobras estimou uma provisão de R$ 2,4 bilhões no demonstrativo contábil do primeiro trimestre referente às indenizações pagas aos empregados que aderiram ao programa.

O PIDV vai pagar de R$ 180 mil a um teto de R$ 600 mil aos funcionários que aceitaram a oferta da estatal. Mas o teto poderia ser ultrapassado pelos profissionais que ficarem sete meses no processo de transição previsto pelo programa. A Petrobras chegou ao fim de 2012 com mais de 85 mil funcionários.

Após o anúncio do resultado do PIDV da Petrobras, a (FUP) ressaltou a necessidade de concursos públicos para suprir as saídas. Segundo Paulo César Martan, diretor da FUP, o sindicato já mostrou sua preocupação com a lacuna deixada pelos mais de 8 mil funcionários que deixarão a Patrobras.

– O que vamos cobrar após o resultado do plano é a reposição do efetivo através de concurso público, sem qualquer tipo de terceirização. Pelo programa deles (da empresa), serão formados grupos que deixarão a empresa em determinados períodos (entre dois a 36 meses). Essas saídas programadas estão relacionadas ao preenchimento das vagas – explicou o diretor.

O programa de desligamento voluntário faz parte do Programa de Otimização de Produtividade (POP), aprovado pela diretoria em janeiro. O objetivo é ajudar na geração de caixa da companhia para fazer frente aos investimentos necessários no desenvolvimento do pré-sal, de acordo com o seu Plano de Negócios 2013/2017. Atualmente, a empresa registra perdas com a defasagem dos combustíveis, já que o governo impede o reajuste de gasolina e diesel para não causar impactos na inflação.

No PIDV, foram incluídos os empregados com 55 anos de idade ou mais. Só poderiam aderir ao programa empregados já aposentados pelo INSS que permanecem trabalhando na companhia e os que possuíam tempo e idade para se aposentar pelo INSS, mas ainda não deram entrada no requerimento da aposentadoria – estes deveriam estar aposentados até o término das inscrições, em 31 de março.

Primeiro programa foi em 1998

O primeiro programa de demissão voluntária da Petrobras ocorreu em maio de 1998. Na ocasião, em meio à abertura do setor à concorrência, o plano envolvia pessoas que tinham até 20 anos de trabalho e era voltado apenas para as áreas onde havia excesso de pessoal. Em 1990, Luís Octávio da Motta Veiga, presidente da Petrobras à época, promoveu a demissão de cerca de 16 mil funcionários.

Atualmente, a Petrobras tem inúmeros programas de redução de gastos. Na área operacional, a meta é gerar uma economia de R$ 32 bilhões de 2013 a 2017. Em 2013, a meta de R$ 3,9 bilhões foi superada no terceiro trimestre, quando somou economias de R$ 4,8 bilhões.

A redução de custos da companhia também prevê menos despesas na perfuração de poços. A meta, nesse caso, é obter redução de US$ 1,4 bilhão entre 2013 e 2017 com a queda do tempo gasto na perfuração de poços, por exemplo.

A companhia também iniciou no ano passado um forte programa de desinvestimentos. A estatal chegou ao fim de 2013 com um reforço de caixa de US$ 9,03 bilhões com a venda de ativos como as subsidiárias na África, no Peru e de blocos de petróleo no Brasil e no exterior. O número está perto da meta prevista de um total de US$ 9,9 bilhões em desinvestimentos.

(Fonte: O Globo, 05/05/2014)