Após indefinição sobre o futuro de seus dois principais e mais polêmicos projetos na área de refino, a Petrobras anunciou um novo cronograma para o início de operação das refinarias Comperj, no Rio, e Abreu e Lima, em Pernambuco.
No novo plano de negócio – anunciado pela estatal nesta segunda-feira (29) – para o período 2015 a 2019, a Petrobras passou de 2016 para outubro de 2017 o início de operação da central de utilidades do Comperj, que inclui geração de energia elétrica e vapor, e para tratamento de água e efluentes.
Já a refinaria Abreu Lima, inaugurada no fim do ano passado, teve o início de operação de sua segunda linha de produção postergada de maio deste ano para o final de 2018 no novo plano de negócios da companhia.
As obras das duas refinarias foram praticamente paralisadas em função de seus principais construtores terem sido citados na Operação Lava Jato, que investiga irregularidades em contratos da estatal.
Segundo o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, os projetos de refino são importantes para a companhia depender menos da importação de combustíveis, que deixam a estatal sujeita à volatilidade do câmbio.
Com o início de produção da refinaria no Nordeste, a Petrobras espera reduzir a importação de combustíveis e derivados dos atuais 300 mil barris diários para 250 mil barris por dia.
Bendine disse, contudo, que a ideia de fazer do Comperj uma petroquímica continua fora dos planos.
“Entendemos que o segmento petroquímico não tem mais atratividade grande. Se mudar desenho [do mercado], podemos avaliar futuramente com um parceiro ou investidor estratégico”, afirmou Bendine.
O adiamento das operações do Comperj e da Abreu e Lima foram responsáveis por parte da redução do plano de negócios da companhia. Os atrasos e postergações de projeto em geral provocaram queda de US$ 22 bilhões no plano de negócio.
Além disso, o cancelamento da construção das refinarias Premium 1 e 2, no Maranhão e Ceará, reduziram em US$ 12 bilhões o plano de negócios da companhia. Os cancelamentos eram conhecidos, mas ainda constavam no plano de negócios anterior da estatal.
Por isso, a Petrobras está atualmente revendo seu cadastro de fornecedores, após a entrada em operação na nova diretoria de governança da companhia. Segundo a empresa, isso está sendo feito independentemente de quem foi citado nas investigações.
“Não vou me ater a empresa X, Y ou Z. Vamos revisar cadastro e aplicar medidas de maior robustez com nossos fornecedores para ter maior segurança em nossos projetos”, disse Bendine.
O presidente da Petrobras disse que o atual preço dos combustíveis da companhia teria “margem positiva”, sem a necessidade de novos reajustes.
(Fonte: Folha de S. Paulo, por Lucas Vettorazzo e Bruno Villas Bôas, do Rio, 29/06/2015)