Como dizem os astrólogos, o Sol da Petrobrás está sofrendo uma quadratura de Plutão e uma oposição de Urano. Isso representa a vinda à tona de tudo que está errado. É um inferno astral daqueles. As pressões para a substituição da presidente Graça Foster e de toda sua diretoria estão quase insuportáveis. Na verdade, a cabeça da presidente já está cortada e na bandeja de prata, só que ela ainda não foi entregue. Foster sabe que a sua situação é insustentável. Ela e sua diretoria já não reúnem mais condições de relacionamento sincero com o mercado. Não há mais clima. O apoio da presidente Dilma Rousseff a ela só se dará até o dia em que balanço do terceiro trimestre da companhia for aprovado ou divulgado. Este deverá ser o dia de sua demissão, segundo uma fonte do Petronotícias em Brasília. No fundo, Graça Foster sabe que, neste momento, ela fará melhor para a Petrobrás se sair do que se ficar.
Não há quem possa envolver Foster na teia da corrupção que a companhia vive. O seu erro, paradoxalmente, foi querer consertar todos os problemas de uma só vez. Tomou medidas duras e escolheu um diretor de engenharia que foi mais truculento do que hábil. Determinou a suspensão dos pagamentos acordados anteriormente e passou a enxergar todas as empresas epecistas de uma forma errada. A suspensão desses pagamentos devidos provocou uma quebradeira de empresas e de centenas de pequenos e médios fornecedores. Remédio certo em excesso. Matou muitos doentes.
Agora, o adiamento da publicação do balanço é mais um fator a complicar a vida da Petrobrás. Sem a divulgação dos números do terceiro trimestre, a empresa já teve que negociar o adiamento do prazo para o pagamento de dívidas de US$ 7 bilhões, que venceriam no dia 31 deste mês e agora poderão ser quitadas até 31 de janeiro. Além disso, caso a estatal não apresente as demonstrações financeiras do período, poderá ter que pagar antecipadamente outros US$ 33,3 bilhões. São referentes a duas linhas de crédito, de US$ 10,6 bilhões e US$ 22,7 bilhões, que podem ser cobradas antes do prazo original, passando para abril e maio. Para que isso não aconteça, a companhia precisa divulgar as demonstrações trimestrais no período entre 120 e 150 dias após 30 de setembro.
A situação poderá se agravar ainda mais no meio do ano que vem, caso o atraso dessa divulgação implique em novos atrasos nos próximos trimestres. Se a Petrobrás não tiver o balanço auditado até o dia 30 de junho de 2015, credores poderão antecipar a cobrança de mais US$ 56,7 bilhões, já que a empresa teria entrado tecnicamente em “default”.
Essas antecipações não são consequências obrigatórias para os atrasos, porque os bancos e investidores poderiam ter perdas com isso, mas são possibilidades caso os prazos tenham expirado, já que a não apresentação dos resultados descumpre cláusulas de empréstimos de longo prazo.
Na última sexta-feira (12), a Petrobrás adiou novamente a publicação do balanço, que deverá vir primeiro sem a assinatura da auditoria PwC, mas listou algumas medidas que está tomando para reduzir a necessidade de contrair novos empréstimos em 2015.
Entre elas, a antecipação de recebíveis, a redução do ritmo dos investimentos em projetos, a revisão de estratégias de preços de produtos e a redução de custos operacionais em atividades ainda não alcançadas pelos programas estruturantes.
“Essas ações asseguram fluxo de caixa livre positivo no próximo ano, considerando preços de petróleo em torno de US$ 70/bbl e taxa de câmbio em torno de R$ 2,60/US$, e eliminam a necessidade de captações junto ao mercado no próximo ano”, afirmou a estatal no comunicado. No entanto, apesar da previsão do barril a US$ 70, nos últimos dias ele tem se mantido na faixa de US$ 60 e a OPEP já declarou que não reduzirá sua produção, com estimativas que preveem o valor podendo chegar a até US$ 40 por barril.
(Fonte: Petronotícias, 16/12/2014)