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Endividamento cresce mais entre idosos

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Empréstimo consignado agrava situação; em JF núcleo será criado para atender superendividados

 Carlos Gasparete, do Sedecom, explica que núcleo vai orientar endividados.

Cerca de 55 milhões de brasileiros encerraram o mês de outubro com o nome “negativado”, conforme pesquisa divulgada esta semana pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O número representa aumento de 3,95% em relação a outubro de 2013. Neste intervalo, a inadimplência entre os consumidores idosos foi a que mais cresceu (ver quadro). Na faixa entre 85 e 94 anos, a alta foi de 10,53%, entre aqueles com idade de 65 a 84 anos, houve aumento de 7,18%. O avanço dos números entre este público tem sido motivado, sobretudo, pelos empréstimos consignados que não são quitados. Em Juiz de Fora, a situação motivou a parceria entre o Serviço de Defesa do Consumidor (Sedecon) da Câmara Municipal e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para a criação de um núcleo de atendimento aos consumidores superendividados, com operação prevista para o próximo ano.

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De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o empréstimo consignado movimenta R$ 243 bilhões por ano no país. Deste total, R$ 73 bilhões (30%) são relativos aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Como boa parte destes segurados são aposentados, podemos imaginar que há um número grande de idosos no universo de clientes que tomam este tipo de crédito”, explica o diretor de economia da associação, Miguel Ribeiro de Oliveira.

O especialista afirma que as facilidades de acesso ao consignado têm feito dele uma modalidade de crédito em expansão. “O consumidor pode parcelar em até 72 vezes, e a taxa média de juros é de 1,93%, inferior ao empréstimo pessoal (3,5%), cheque especial (8,8%) e cartão de crédito (10,7%), por exemplo.” Ele destaca, ainda, que os bancos permitem a contratação do consignado por aqueles consumidores que já estão “negativados”. “Assim, muitas pessoas tomam o empréstimo para pagar outras dívidas.”

Superendividados

E é exatamente assim que a situação pode piorar, como alerta o coordenador do Sedecon, Carlos Alberto Gasparete. “Até maio deste ano, recebíamos um número enorme de consumidores que estavam na condição de ‘superendividados’ porque faziam um empréstimo atrás do outro. A maior parte deles era idosos que compravam para filhos e netos.” Segundo ele, a procura por atendimento se dava para a renegociação das dívidas com as instituições financeiras. “Depois de maio, quando foi lançada a portabilidade da dívida, pela qual o próprio endividado negocia com os bancos, esta procura diminuiu.”

No entanto, segundo Gasparete, o problema não foi resolvido. “O universo de superendividados na cidade é imenso. Há pessoas que estão com a renda tão comprometida que têm dificuldades para sobreviver. Atendemos a um consumidor que recebe R$ 1.120 e tem parcelas de R$ 1.080.” Ele alerta que o caso dos idosos é ainda pior. “Eles são o alvo mais fácil. Muitos tomam o empréstimo sem receberem informações corretas sobre o procedimento.”

Diante desta situação, o Sedecon e a UFJF irão iniciar parceria no próximo ano para o atendimento aos consumidores superendividados. “Com auxílio da Faculdade de Economia, iremos identificar estes casos. A partir de então, vamos oferecer a orientação de psicólogos, assistentes sociais e do nosso corpo jurídico, pois entendemos que se trata de um problema muito grave.”

Na Agência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-JF), o atendimento aos superendividados é oferecido desde o início deste ano. Até dezembro estão previstas nove audiências entre consumidores e instituições financeiras para busca de soluções.

Mesmo com a alta da inadimplência em outubro, o SPC espera que boa parte dos “negativados” entre em 2015 no azul. “O recebimento das parcelas do décimo terceiro salário, o aumento da oferta de empregos temporários por conta do Natal e, principalmente, os feirões de renegociação de dívidas devem estimular o consumidor a quitar as pendências em atraso”, diz a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti

(Fonte: Tribuna de Minas,por Gracielle Nocelli, 13/11/2014) 

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