Petrobras admite que poderá vender ativos de áreas do pré-sal

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A Petrobras admitiu que a necessidade de preservar o caixa e reduzir o investimento poderá levá-la a buscar sócios com conhecimento tecnológico para áreas do pré-sal ainda fora de produção e com “elevado risco exploratório”, vendendo-lhes parte dos blocos.

A empresa informou, ainda, que, caso a dê lucro este ano, retomará o pagamento de dividendos em 2016.

Nas últimas semanas, a Petrobras vinha informando ao mercado que não pretendia vender áreas do pré-sal que estivessem em produção, mas nada falava a respeito de áreas de exploração, nas quais ainda estão sendo feitas perfurações e avaliações sobre o potencial de produção.

Em entrevista coletiva, na quarta-feira (22) à noite, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, voltou a descartar a venda do pré-sal em produção. Mas afirmou que, em áreas em exploração, serão avaliadas “parcerias” nos casos em que houver algum desafio tecnológico.

“[Vender] ativos em produção, esqueça. Há situação em que pode ocorrer um problema técnico, como de alta pressão [em um reservatório], e poderemos, sim, adotar parcerias”.

Ele disse, porém, que a decisão sobre quais ativos entrariam nesse pacote será discutida a partir de agora, quando a diretoria vai se debruçar sobre o plano de negócios e as oportunidades de venda de ativos.

Nesta quinta-feira, em teleconferência aos analistas, ao ser perguntada sobre o tema, a diretora de exploração e produção, Solange Guedes, confirmou a possibilidade de vender ativos em áreas “no pré-sal ou pós-sal” que exigem maior desafio tecnológico e investimento.

“Não importa se no pré-sal ou no pós sal há risco de toda ordem. Se olharmos para as áreas em início de exploração, que demandarão investimento crescente, estamos nos debruçando e avaliando oportunidade de desinvestimento, sim, para agregar valor à nossa cadeia”.

O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, afirmou, também em conversa com analistas, que, caso a Petrobras dê lucro em 2015, será retomado o pagamento dos dividendos em 2016, relativos a este ano.

Nesta quarta-feira (22), após divulgar prejuízo de R$ 21,6 bilhões, decorrente do reconhecimento de perda com corrupção e baixas no valor de ativos antes superavaliados, Bendine disse que “simplesmente não vamos pagar dividendos”.

Por lei, os dividendos só devem ser pagos pela empresa se houver lucro. O estatuto da Petrobras prevê pagamento mínimo de 25% por ano, sobre o lucro.

“Se voltar a ter resultado positivo, [a Petrobras] vai pagar juros e dividendos, como faz normalmente”, disse Monteiro.

(Fonte: Folha de S. Paulo, por Samantha Lima, do Rio, 23/04/2015)