Reajustes de planos de saúde coletivos chegam a 70%

Levantamento foi feito pelo Instituto de Defesa do Consumidor e mostra que mensalidades aumentaram com índices acima da inflação no último ano.

Nove em cada dez planos de saúde coletivos reajustaram as mensalidades com índices acima da inflação no último ano. O levantamento foi feito pelo Instituto de Defesa do Consumidor e mostra que, em alguns casos, o aumento fica bem acima da inflação, passa de 70%.

A fórmula que as empresas usam parece aquelas equações de física. A Agência Nacional de Saúde não estabelece um limite de reajuste para os planos de saúde coletivos. As operadoras só precisam informar o valor.

Hoje, 80% dos planos de saúde do Brasil são coletivos. E desses 88% são de até 30 vidas. Na prática, isso significa que muita gente não tem como se proteger dos aumentos.
Parece complicado. E é. “É impossível. Esses números, e essas letras, enfim, não é matematicamente possível de fazer, porque inclusive tem alguns dados, reajuste da consulta medica”, reclama Beatriz Rosenberg, empresária.

Essa é a formula de reajuste do plano de saúde da Beatriz. Leva em conta dados tão difíceis de se imaginar, como os preços de diárias e taxas hospitalares. Até 2009, ela tinha um plano de saúde familiar. Mas custava caro e ela resolveu mudar de operadora.
“Me ofereceram um plano de saúde empresarial que era muito mais barato, a metade do preço do outro, com os mesmos benefícios, com os mesmos hospitais, laboratórios, tudo. Falei: ‘legal, vou fazer’”, conta Beatriz.
Negócio fechado. Tudo ia bem, até que começaram os reajustes. Primeiro foi um aumento de 44%, quando a irmã dela, que faz parte do grupo, teve câncer. Depois, mais 89%, quando a Beatriz fez 59 anos. Contabilizando tudo, nos últimos três anos, a conta aumentou 152%. “É muito pior do que um susto. Porque você começa a se endividar para pagar o plano”, comenta Beatriz.

A Agência Nacional de Saúde regulamenta os planos de saúde individuais e os coletivos. Para os individuais, ela estabelece o reajuste máximo permitido. Mas, no caso dos coletivos, as operadoras precisam apenas informar a ANS sobre o valor aplicado. Isso, claro, deixa os consumidores em uma posição muito frágil.

Entre maio de 2013 e abril desse ano, algumas operadoras aplicaram reajustes bem altos. Uma delas, de 73%. A média dos dez maiores reajustes chega perto de 50%. É muito alto, considerando que a inflação do período foi de 6,16%. Quem tem plano individual, com reajuste estabelecido pela ANS, teve aumento de 9,04 %, no máximo.

“É muito importante que a ANS trate todos os consumidores de forma igual no quesito reajuste, porque esses direitos valem para todos, não só para os consumidores de contratos individuais”, explica Joana Cruz, advogada do Idec.

Em nota, a Agência Nacional de Saúde diz que monitora os percentuais aplicados e que as divergências e os valores extremos flagrados durante o monitoramento já foram analisados e poderão resultar em punições às operadoras.

O Bom Dia Brasil entrou em contato, na manhã desta terça-feira (22), com a Abramge, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo, que representa os planos, e não recebeu uma resposta até o final da edição de terça-feira.

(Fonte: Bom Dia Brasil/G1, 22/07/2014)